Um olhar sincero sobre a complexidade humana.
Em “As cinzas e outros contos”, o escritor Eduardo Mussi explora as intensas dualidades da existência: vida e morte, amor e ódio, dor e esperança.
Com uma escrita fluida, ele apresenta uma série de histórias singulares, aparentemente desconexas, em que os personagens enfrentam dilemas profundos em sua busca por felicidade e compreensão de seus próprios limites.
Nesta obra, cada narrativa convida o leitor a uma jornada breve, porém intensa, marcada por finais em aberto que ressoam com a imprevisibilidade da vida real. Mussi demonstra com maestria que, embora seus textos sejam fictícios, as imitações da vida na arte e entre os indivíduos — com seus vícios e virtudes — são um espelho poderoso da realidade.

Enquanto os sem-terra lutam para uma reforma agrária possível, os desterrados desaparecem na violência da propriedade privada e na experiência de trabalhadores que atravessam o Brasil lutando pela sobrevivência. Será que é apenas isso? A nossa Terra transformou-se em propriedade das grandes corporações gerenciadas pelo capitalismo financeiro? Espera-se que não. Ela se rebela e dificulta a sua conquista. Se vocês me querem que cuidem de mim, senão… os temporais, o tempo ruim, as enchentes e secas. Olhar a Terra azul ainda é possível porque o olho dos satélites e dos telescópios nos mostram antes de tudo, o maravilhoso do firmamento e lá neste azul desliza a Terra como se nada estivesse acontecendo, apesar dos gases do efeito estufa nos matando.

São vinte e uma histórias que variam de estilo ao sabor da escrita e que o Eduardo foi trabalhando entre a ficção concreta e a realidade ficcionada, às vezes relato, às vezes memórias, às vezes recortes de fatos que saem do cotidiano e outras histórias do puro acontecimento, este é o ritmo do livro. É um convite a leitura, não há dúvida, mas em Desterrados somos chamados a andar pelas histórias e pensar que se pode ir mais longe, caminhar por estes enlaces e desenlaces tratados com objetividade precisa, algumas vezes, mas que por isso mesmo, nos leva a pensar.

Um olhar para o passado e sobre suas vivências onde expõe algumas situações vividas pelo autor, acompanhada de certas características de personagens contidos na história. Uma série de relatos em forma de memórias, contos e crônicas. Algumas das lembranças talvez nem deveriam ser contadas, mas foi impossível omitir, porque se não fossem escarafunchadas, se perderiam na memória.

Muitas das histórias despertam emoções nas pessoas que viveram algo parecido com os fatos. Em outras, provocam reflexões. O livro nos transporta às lembranças de um homem maduro, preocupado com a família e os amigos, mas sem esquecer, no esmiuçar de suas memórias, que oscilam entre presente e passado, os temores com o futuro de um Brasil que podia ser nação próspera de um povo mais feliz. Desgraçadamente, a violência social escorre como líquido inflamável de alta combustão. A obra nos leva a refletir com algumas perguntas:

Quantos de nós guardamos a consciência do peso, do significado que cada momento desses tem para nossas vidas? Quantos de nós nos damos conta de que cada dia vivido é sempre uma nova oportunidade de revisitarmos quem fomos e repensar quem queremos ser?