O PORTA-CANETA

Certa vez, viajando pelo interior do Nordeste, a trabalho, encontrei numa loja de artesanato um objeto, que no primeiro momento me pareceu estranho. Era um pedaço de madeira polido com um furo no meio e numa das faces escrito: escreva o quanto puder até eu me acabar. Olhei com mais cuidado e vi que era um porta-caneta.

Comprei o objeto e passei a usá-lo na minha mesa de trabalho. Mas toda vez que colocava uma caneta, ela demorava pouco ali, pois sempre alguém que passava por lá e precisava fazer alguma anotação, usava a caneta e não a devolvia para o seu lugar.

Cansado daquilo, aposentei o porta-caneta. Hoje, depois de aposentado, arrumando minhas gavetas, deparei com aquele objeto que havia comprado há mais de três décadas. E ao olhar para aquela simples peça, fui transportado de volta a um tempo em que a vida me propiciou conhecer muitas pessoas diferentes, cheias de histórias instigantes e curiosas. Vi muita coisa boa, mas vi muita miséria por este Brasil afora e que muitas vezes me cortavam o coração.

À vezes me pergunto: Onde estarão aquelas pessoas? Será que sobreviveram ou sucumbiram diante de tanto sofrimento? Será, será, será…? São muitas perguntas que jamais obterei respostas.

Resgatei meu porta-caneta da gaveta e voltei a usá-lo.

Picture of Prazer, sou Eduardo Mussi

Prazer, sou Eduardo Mussi

Nascido em Belém do Pará e em janeiro de 2013 aposentou-se e fixou residência em Paraty – RJ. Publicou seu primeiro livro em 2022. Está sempre em movimento – frequenta academia de musculação, faz caminhada e rema pela baía de Parati, pelo menos duas vezes por semana. Cultiva horta e faz manutenção em seu jardim. Sempre lê, todos os dias.

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Prazer, sou Eduardo Mussi

Nascido em Belém do Pará e em janeiro de 2013 aposentou-se e fixou residência em Paraty – RJ. Publicou seu primeiro livro em 2022. Está sempre em movimento – frequenta academia de musculação, faz caminhada e rema pela baía de Parati, pelo menos duas vezes por semana. Cultiva horta e faz manutenção em seu jardim. Sempre lê, todos os dias.

As cinzas e outros contos

Um olhar sincero sobre a complexidade humana.
Em “As cinzas e outros contos”, o escritor Eduardo Mussi explora as intensas dualidades da existência: vida e morte, amor e ódio, dor e esperança.
Com uma escrita fluida, ele apresenta uma série de histórias singulares, aparentemente desconexas, em que os personagens enfrentam dilemas profundos em sua busca por felicidade e compreensão de seus próprios limites.
Nesta obra, cada narrativa convida o leitor a uma jornada breve, porém intensa, marcada por finais em aberto que ressoam com a imprevisibilidade da vida real. Mussi demonstra com maestria que, embora seus textos sejam fictícios, as imitações da vida na arte e entre os indivíduos — com seus vícios e virtudes — são um espelho poderoso da realidade.